sábado, 8 de abril de 2017

Maneiras de lidar com o tesão do mundo


Um homem com idade próxima a 65 anos pode se relacionar com uma mulher de sua mesma idade. Com seus próprios amigos ele conversa sobre as mulheres em geral, fala do peitinho de uma, da bundinha de outra, que quer comer alguém, etc. Ele pode usar essas mesmas palavras com uma mulher com quem ele convive no ambiente de trabalho. Essa mulher pode rir dele, dizendo que ele não dá mais no couro, embora já tenha notícia de que existe o Viagra, e que, por isso, os homens mais velhos ainda estão trepando. Os que têm sorte, diga-se.

Aquele brincalhão é um desses que mandam bem? Ou é só um falastrão? Cada idade tem seu ideal, seus desafios e suas brincadeiras. O homem de 65 fala aquelas coisas como provocações. Caso das brincadeiras surja algum caso, tudo bem. Mas a intenção daquelas palavras é a de ser uma brincadeira picante.

Na minha idade, 35, a palavra picante já não existe. É a geração do pornô e das ficadas que, com sorte, dão em transa. Repare na mudança de palavras com relação aos de 65. Homens da minha idade não brincam daquela forma com mulheres de sua mesma idade. Com mulheres mais novas, menos ainda. Já com mais velhas, talvez ele brinque, quando elas lhe cobram ser homem.

Aos 35 se sabe que os mais novos do que 20 conversam de outra forma entre si, e também com eles, de 35. Entre essas idades, jamais se fala em sexo, exceto quando se é um professor ou um midiático que “representa um jovem”. Em outras situações, a conversa sobre sexo, entre essas idades, gera um clima de inadequação: um adulto se aproveitando de alguém inocente, influenciando.

Dos 20 para baixo a preocupação é grande em não ser influenciado por outros (os com mais de 30). Os garotos são os que mais fazem sexo, mas tambem são aqueles que menos querem isso exposto para os de fora. Por isso é que eles vestem moletons uniformizadores, que não dão a ver suas particularidades e, assim, não os expõem ao anzol do influenciador. Mas o influenciador sobre eles não tem poder. É só um chato.

Esses jovens estão alertas para se o tesão dos 30 anos não estupra alguém. São vigias de situações de violações, de influência. Essa adolescência vigilante perdura até além dos… 40! Nesses casos, a pessoa usa mais seu tempo vigiando e se queixando do tesão do mundo do que fazendo sexo, transando ou trepando.

Aos 20, um rapaz pega um outro rapaz, tão naturalmente quanto pega uma menina. Para ele, isso não é ser gay. Ele não sabe se é o caso de atribuir uma marca ao que rolou, pois um rótulo pesa. Às vezes ele está namorando uma menina, quando pegou o outro. Ninguém fica constrangido. É como um parque de diversões em que muito é permitido, mas no qual só se pode entrar quando se está abaixo de uma certa idade.

Um homem de 65 anos não é autorizado pelos menores de 20 a fazer parte do parque de diversões de tesão, destes. A não ser que seja como um professor, que reserva seu próprio tesão para os seus iguais. Um homem de 35 anos deve tratar aqueles mais novos como café com leite, em relação ao sexo, jamais investindo em relação a eles. Um homem de 65 anos, quando o faz, é visto como um vovô monstruoso. O de 35, como criminoso.

Os de 35 têm conhecimento do tesão dos de 65, mas querem o seu pudor, com relação a eles. “Um absurdo uma velha com roupa de novinha.” “Ridículo o vovô-garoto.” Quando estes de 35 ainda estão na adolescência, volto a dizer, tendem a ver não como inadequado, mas como monstruoso ou nojento o tesão aos 65.

Eu vejo homens de 65 falando da bundinha e do peitinho das mulheres, usando esse vocabulário que eu não uso. Usando-o em brincadeiras ousadas, feitas mesmo entre estranhos. Estas brincadeiras não deveriam ser perdidas, sob a pena de, ao adolescelentizarmos as conversas entre todos, criarmos medo em quem não é adolescente. E uma herança de infantilidade, para estes.

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