domingo, 4 de dezembro de 2016

Pensando as escolas ocupadas


O professor fala aos seus alunos sobre a situação política e econômica do país. O professor de história, de geografia, de filosofia, até o de matemática, falam. Ocorre de esta fala ser objetiva e não ideológica. Também ocorre de ser ideológica. A ciência tem a neutralidade por meta. Mas o professor precisa ter o direito de trabalhar o próprio ponto de vista e de apresentá-lo. Censurá-lo rompe com o nosso Estado democrático e liberal.

Este entendimento acerca do projeto de lei apelidado de “Escola Sem Partido” não é o que está na boca de professores e alunos. “Não existe saber politicamente neutro”, é o que dizem. Uma inverdade, evocada pelo cientista social que, enquanto apresenta sua pesquisa, é chamado de direitista ou de esquerdopata.

Não pode haver censura de professor, mas deve haver cobrança social para que a escola seja a melhor possível. De um professor o desejável é um estudo e um ensino acerca do Escola Sem Partido. Mas o professor e o aluno se dizem contra, como dizem “Primeiramente, Fora Temer.” : ser contra é sua palavra inicial e também final.

Os jovens que agora tomaram as escolas e as universidades públicas justificam-se com esse tipo de contrariedade ao Escola Sem Partido. Outra justificativa que encontram é a contrariedade à PEC 241, também do governo federal. O projeto estabelece um teto de gastos em saúde e em educação, a fim de sanar a dívida criada pelo governo anterior. Outra possível consequencia desta PEC é um uso mais estratégico e transparente do dinheiro público. Mas o discurso dos alunos e dos professores insiste em “congelamento dos gastos por 20 anos”. Não é congelamento. E o governo falou em revisão da proposta em 10 anos. Ocorrendo uma melhoria da nossa situação econômica, obviamente que esta meta pode ser revista antes disso.

A escola ocupada coloca-se com o objetivo principal de ser contra o governo. Diante das propostas do governo, estar contra ou a favor é a melhor coisa a se fazer? Ou é melhor ler o texto delas, junto de opiniões de especialistas, e então conversar com um professor para enfim formar uma opinião? Mas não uma opinião que coloque o ser contra ou o ser a favor no centro e, sim, um raciocínio.

Os alunos lutam por educação? Querem que o professor tenha liberdade para falar o que ele quiser? O que está sendo dito acerca da liberdade de opinião considera a responsabilidade que se deve ter acerca do que se diz? Dizer o que se quer dizer implica em saber o que se está dizendo. Este é um compromisso teórico e um respeito aos fatos.

Da forma como vêm ocorrendo, as ocupações são a plena realização do modo como as escolas vendo sendo utilizadas. Os alunos e os professores, que não estudavam e não ensinavam durante parte do dia, agora o fazem o dia todo. Há, no jovem um certo orgulho em não saber das coisas. Agora ele quer o aplauso de toda a sociedade. E a sociedade reconhece que há este orgulho em jogo: parte dela diz que a escola é mesmo do aluno, parte diz que aquele é um espaço que, por ser público, não pode ser tomado por indivíduos ou grupos. Ambas posições também não são alvissareiras: ao invés de considerar o orgulho pela impulsividade e pelo não saber, a sociedade deve considerar e perguntar ao jovem pelo seu orgulho sobre coisas boas.

Melhor seria que os jovens e os professores estudassem e mostrassem uma melhor visão para o que querem do governo. E também fizessem a escola da melhor forma que eles podem querer que ela seja. Então esta escola seria um modelo, pois teria as coisas postas em favor da efetiva educação dos alunos.

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