quinta-feira, 17 de março de 2016

Qual é o plano do PT?


Em um partido reúne-se gente capaz de pesquisar as condições de vida da população, a situação das políticas públicas e das instituições privadas de diferentes áreas, em um território. Também tem gente capaz de analisar a situação econômica de instituições privadas, públicas e de órgãos do governo.

Uma tendência de esquerda e liberal faria este partido relatar os resultados destas análises, e propor um projeto de intervenção que visasse a redução da desigualdade de acesso da população aos serviços essenciais, públicos ou privados, junto ao incremento da qualidade desses serviços, especialmente aqueles acessados pelos mais pobres.

Também se buscaria aumentar o nível de renda e a capacidade de consumo desta população, entendendo que isto beneficiaria o todo da economia. Esta intervenção teria como objetivo o fomento ao desenvolvimento pessoal e familiar de todos os indivíduos do território.

Os planos econômicos objetivariam o crescimento industrial e comercial, do território. Os direitos sociais de cada um seriam assegurados. Um membro deste partido, ao ser eleito para um cargo público, deveria cumprir, no seu mandato, estes planos do seu partido. Os planos do partido seriam para o governo do território.

Agora vejamos o PT, na presidência da República: eleito em 2002, Lula reapresentou-se como um metalúrgico, de origem humilde. Seus primeiros programas foram um de combate à fome, outro de combate ao analfabetismo. Lula falou da própria experiência de ter sofrido, ou visto seus iguais sofrerem destes males.

Cientistas sociais atuantes no PT ajudaram no desenho destas políticas. Em seguida veio o Bolsa Família, dando um passo além de se matar a fome. Era este o nível de desenvolvimento que Lula esperava para o pobre. Ele mesmo sempre se colocou como alguém sem muitos estudos.

Os dois governos de Lula foram de implantação exitosa deste plano do PT. Atendeu-se à necessidade evocada por todos, intelectuais, mídia, população, como historicamente a maior do Brasil: a redução dos níveis de miserabilidade e pobreza. Em 2005 estoura o escândalo do Mensalão, articulado pelo PT. Os anos se passaram, com os indiciamentos tocando figuras do partido participantes do governo. Lula foi dizendo que não sabia destes ilícitos, e afastando os responsáveis.

A economia, que no primeiro mandato de Lula apresentou um bom desenvolvimento, ao término do segundo mandato dele já não ia tão bem. Dilma foi eleita sob o medo de se perder os avanços das políticas sociais. Em seu governo, o desenvolvimento econômico sofreu uma estagnação. As investigações do mensalão começaram a desenhar um aparelhamento do PT no Estado, comprando deputados para que sempre votassem a favor do partido.

Na segunda campanha presidencial de Dilma, na qual ela também foi eleita, houve o início da divulgação dos acordos ilícitos entre empresas privadas e executivos da Petrobrás. Descobriu-se a origem ilegal do dinheiro da campanha de Dilma. Apontou-se o beneficiamento econômico dos filhos do ex-presidente Lula. E, recentemente, indicou-se a ele próprio como também receptor de benefícios econômicos por parte de empresas ligadas ao governo.

Completou-se, aí, o plano do PT: a realização de um projeto de poder político, antes que de governo. As políticas e decisões propostas por Lula e Dilma voltaram-se antes a apagar as urgências dos mais pobres, a adoçar a classe média e a beneficiar as grandes empresas, que prover condições para o desenvolvimento daqueles mais pobres e para o crescimento econômico do país. Não fosse a publicização do Mensalão e do Petrolão, Dilma e Lula continuariam com o apoio de toda a sociedade, com muitas chances de que Lula se reelegesse em 2018. Ele teria mantido o domínio dos deputados. E viveria tranquilamente com seus bens acumulados.

O plano do PT não era tão de esquerda e liberal, assim. Tem um falso verniz comunista, para agradar alguns militantes, por aí. E certamente é populista e autoritário, agradando demais a esses mesmos militantes.


P.s. É uma questão de ter apreço por si mesmo

"Todos somos pequenos corruptos": há gente dizendo isto para argumentar em favor da não perseguição ao Lula. Eu não sou corrupto. Não me corrompo, não me estrago diante dos outros. Não me estrago diante do outro que sou eu mesmo. Eventualmente faço coisas erradas, mas não as abraço, não me torno a "pessoa que faz coisas erradas". Procuro melhorar, fazer o certo, e viver em paz com a minha consciência. Quero um governo do qual eu me orgulhe, ou seja, que faça o que é necessário para a população e que não roube. Compactuar com um mau trabalho ou um ilícito me tornariam uma pessoa ruim. Eleger e acompanhar um bom governo seria algo que me orgulharia, inclusive faria eu me sentir bem comigo mesmo. Gosto da justiça social, ou seja, de que não haja supremacia de ricos sobre pobres, e de grupos hegemônicos sobre minorias. Gosto de justiça civil, ou seja, de que não haja expropriação dos direitos de cada um. Essas justiças são a plataforma de esquerda que eu gostaria de ver. Gosto de viver em democracia e sob a proteção das liberdades individuais. Não posso estar bem, se o governo falha na garantia dos direitos sociais da população e se compromete a economia. Não posso estar bem se os agentes do governo roubam e enriquecem às nossas custas, como se fossem melhores do que todo mundo. Não vou apoiá-los nisso. Não vou apoiar um governo que insiste no erro. Não vou abraçar a corrupção. Sou melhor do que isso. Sou melhor do que o PT. E você?

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