quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A propaganda pró-direitos dos deficientes


Recentemente, na cidade de Curitiba, instalou-se um outdoor com a frase "Pelo fim dos privilégios para deficientes" (http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/11/outdoor-em-rua-de-curitiba-pede-pelo-fim-de-privilegios-para-deficientes.html). Também foi divulgada uma página no Face, afirmando que os direitos concedidos aos deficientes limitavam os direitos dos não deficientes. A página também propunha uma redução nos direitos dos deficientes. A maior parte dos comentários a ela foi de desaprovação.

Um dia após esta divulgação, o outdoor ganhou uma faixa preta, com os dizeres "Se tantos se revoltaram, por que tantos ainda despeitam?" (http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/12/outdoor-contra-privilegios-de-deficientes-e-acao-da-prefeitura.html). O outdoor e a página de Face foram uma ação do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Na matéria constante no link acima, a Presidente do Conselho, Mirella Prosdócimo, lembra o que é sabido por todos: que as vagas para deficientes, as filas especiais, e outros direitos, são desrespeitados. A frase "Não é privilégio. É direito", também constante no outdoor, expõe e rebate uma fala comum, privadamente, de que os deficientes, e outras minorias, vêm sendo privilegiados.

As falas e intenções anti-direitos, quando publicadas, geraram muitas opiniões contrárias. As pessoas que reagiram deste modo, enaltecendo os direitos e atacando as posições anti-direito, provavelmente não são elas mesmas boas observadoras destes direitos, no seu dia-a-dia. Isto foi sugerido pela segunda parte da ação de marketing (e, com bom senso, podemos concordar com ela), ao chamar as pessoas para transformarem a revolta pela propaganda anti-direitos em observância deles. Inclusive observância de si mesmos.

A propaganda expôs nossas práticas cotidianas. E o fez, criando um alguém imaginário que possuísse aquela intenção e tivesse dito aquelas frase anti-direitos. Esse alguém foi atacado por muita gente. Com a segunda parte da propaganda, porém, ficou demonstrado que quem pensava e agia contrariamente aos direitos eram as próprias pessoas que anteriormente haviam se posicionado pró-direito. A publicidade de palavras e intenções que costumavam ser ditas entre-dentes gerou mal-estar. Como, na primeira parte da propaganda, o autor daquelas opiniões era alguém que criou o outdoor e o post de Face, e que não tinha nada a ver com quem os acessou, o mal-estar pela exposição deu num impulso de ataque contra ele. Com a segunda parte, as pessoas tiveram que olhar para si mesmas.

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