quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O que fazer quando se encontra um fantasma?


Primeira coisa: se você sair correndo, perderá a chance de saber como é um fantasma. E ele corre ainda mais rápido, atrás de você. Então você se sente corajoso, e se aproximará dele? Não adianta: ele recua na exata medida em que você avança. E sem despregar os olhos de você. Correr para cima dele o espantaria de vez. Minto: ele vai para um lugar que você custará a encontrar, apesar de estar próximo de você e permitir que ele continue te observando tranquilamente. Sim, ele sempre esteve rondando, por aí. Você que nunca reparou.

Não adiantaria conseguir chegar bem perto dele, pois é como um vidro e você só veria o outro lado. E não é possível agarrá-lo para lançá-lo ao chão. Ele é uma espécie de ar. Todas as pessoas têm algo a dizer sobre os fantasmas, mas, de fato, poucas os viram. Ele apareceu para você, que, inteligente e curioso que é, não vai querer fingir que não o viu. E agora já sabe que não é para chegar perto. Mantenha essa mesma distância.

Vai tentar falar com ele? Lembre-se que ele está há muito tempo daquela mesma distância, de você. Ele já sabe tudo o que você tem para falar. Além disso, ele não ouve. Ele apenas age.

Olhe para ele. Você não pode dizer o que ele é. Muita gente que nunca o viu acha que sabe algo sobre ele. Balela! Agora, você pode dizer como ele está apresentado, e o que ele está fazendo.

"Dá para se relacionar com quem é muito diferente de você?"; "Dinheiro não traz felicidade? Ou melhor: o que há de errado com o dinheiro?"; "Porque as pessoas matam? Ou melhor: como que não matam mais?"; "Há vida após a morte? Ou melhor: porque tem que haver vida após a morte?"; "Deus existe? Ou melhor: o que é Deus?"; etc. Tais são os nossos fantasmas. De repente você surpreende um deles te olhando. Assim que começa a observá-lo, percebe que as coisas que sabia não servem para entendê-lo. Elas não te levavam a boas perguntas.

Você conseguiu se espantar e não correr. Está aproveitando essa energia para raciocinar, e conseguir entender o bicho. Se precisar, pegue caderno/caneta, do bolso, para a escrita ajudá-lo a pensar. Chegará a uma resposta. Ofereça-a às pessoas do seu face. Os que estão cheios de opiniões, acharão estranho. Dirão que fantasma não existe, como se fosse essa a questão. Ou que não se deve dar atenção a eles.

Um ou outro virá falar com você. Pode te elogiar, mas empurrará uma opinião. Pode acabar de ler, levantar a cabeça e se espantar com o que está a se mover, à frente.

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