segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Sacos vazios

Não há casca, não há envoltório duro. O mundo é frio e não-humano. Vou criando estufas, para existir. O mundo é sem centro e sem ponto-fixo. Vou criando meus pontos de localização. Não estou dentro do mundo, mas sobre ele, girando na bola. Saí de um envoltório feto-placenta, quase caí no incomensurável, no frio. Criei um novo envoltório, uma esfera, que precisa sempre ser refeita. Olho para sacos vazios de supermercado entendendo que eles portam e aquecem coisas, dão-lhes chance de sobreviver e sentido para existir. Humanizo as coisas vendo-as num envoltório de plástico, que é mais confiável do que a minha própria bolha. Na escola, as crianças diziam: "dentro do meu corpo tem ossos. Dentro dos ossos tem coisas. Dentro do coisas." - "Vocês têm coisas dentro, como um saco com coisas dentro?". -"Somos sacos vazios com coisas dentro".

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