sexta-feira, 6 de junho de 2014

Vitória masculina

Aquiles havia sido o responsável pelas conquistas dos gregos sobre as cidades vizinhas à Troia. Da pilhagem, levou boa parte, honra merecida. O líder dos gregos, Agamêmnon, tomou-lhe peças de ouro, cavalos e a filha de Brises, Briseida, desonrando o guerreiro. Este recusou-se a continuar a lutar. Que os gregos morressem sob as lanças dos troianos. E foi o que aconteceu. Patroclo, melhor amigo de Aquiles, foi chamado para ajudar na guerra. Vestiria as armaduras do amigo, para trazer de volta o terror que os troianos sentiam na sua presença. Patroclo mortificou os inimigos, e matou muitos. Fora, contudo, morto por Heitor, o melhor dos troianos. Aquiles desesperou-se com a perda da sua companhia, aquele que compreendia e acalmava seu temperamento. Patroclo cuidava de Aquiles e de sua casa. Era uma suave, feminina presença, que, inclusive, preparava Briseida para ser menos uma cativa, ajudando-a a suportar a dor de estar distante do seu pai, e mais uma boa esposa para Aquiles. Ela chorou a morte de Patroclo como a de um espírito conciliador. Aquiles pediu armaduras especiais, forjadas com bronze e ouro, pelo deus Hefesto. Apareceu brilhante, para seus inimigos, que correram. Aos gregos reanimou. Matou muitos. Diante de Heitor, disse seus feitos e mortes, e a proteção que Hera, sua mãe, dava-lhe, demonstrando que havia sido escolhido pelos deuses. Matar Heitor e conquistar Ília era o seu destino. Heitor disse das suas qualidades e coragem, do seu povo, que nele confiava, e que simplesmente tinha que encerrar a vida de Aquiles. E lutaram. Sentiram a qualidade um do outro. Mostraram a qualidade do próprio escudo, a habilidade com a lança e a agilidade na arremetida com a espada. Aquiles venceu. Tinha a glória da vitória. Após ter a honra ameaçada por Agamemnon, que pegara os ganhos das vitórias anteriores de Aquiles, tirando-o do conforto, e ter perdido aquele que mantinha sua cólera no interior da embarcação, liberou-se para o agir encolerizado e em busca por restaurar sua honra. Ele era um homem honrado. Uma lenda. Fazia coisas de se orgulhar. Tinha Heitor para derrubar, o que causaria a derrota dos troianos. Com Heitor teve um momento de testagem entre forças equivalentes. Era a força da masculinidade em excitantíssima disputa. Qual seria o gosto de enfrentar seu maior opositor? A maioria das pessoas se acovardam, fazem de conta que não foram desonrados, e que não têm opositores. Não sabem o que poderiam ser capazes de fazer. Contei a Ilíada, do Homero. Mas esse é um livro interminável, sempre deve ser recontado, pois coisas novas ele vai dando. Nada é mais atual que um clássico.

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