sexta-feira, 13 de junho de 2014

O que eu quero para mim e para você

Faça um bom curso, secundário e universitário, adquirindo uma disciplina de estudos. Converse, conheça as opiniões dos outros, testando os limites delas e da sua própria. Saiba o que são coisas como democracia, minorias e justiça. Elas serão importantíssimas para o que você vier a fazer, não importa sua profissão. Você existe num mundo, e tanto ele quanto você precisam melhorar em tecnologia, em prazer e amor, em justiça e liberdade. Sinta, intima e declaradamente, amor pela liberdade, sua e de todos, de falar, de ter e de ser (o ser, sem o falar e o ter, sem o aparecer, não é nada) e pela igualdade livre, não nivelada. Escola e saúde públicas precisam funcionar, e, assim, assegurar que toda gente venha a se desenvolver de forma livre, rica e ousada. Para que cada um ame seus professores, tenha laços com as próprias raízes, com a própria formação de caráter. Ame a escola por onde passou, junto do amor de si mesmo. Exija cada vez mais boas políticas do governo, chame apoiadores e apoie lutas já iniciadas, no que elas têm de razoável. As militâncias devem ser tenazes, indignadas E RAZOÁVEIS (mas erupção de nervos, músculos e vidros, às vezes, é necessário. Armas e bombas, não, exceto nas mãos de uma polícia bem treinada e prestigiada, pois uma ação errada fica sem possibilidade de volta). Tenha dignidade, amor e orgulho de si próprio, desejando ardentemente, e querendo favorecer, que cada um tenha essa relação consigo mesmo. Desconfie da humildade e de quem a prega. Seu sucesso e o de cada um são importantes (everybody is a star!). Fale e escreva de forma clara e precisa, sem confusões ou disfarces, sobre o mundo que você quer, o mundo que você não quer, sobre seus valores e o porque de eles serem bons. Diga que Sheherazade, justiceiros mascarados, Bolsonaro estão errados e não podem nos representar, falar por nós e nos educar ou agir por nós. Fale em favor da retirada da posição de fala pública de quem, com sua fala de ódio, incita a violência, a humilhação e o encurtamento da liberdade dos outros. Acompanhe e admire bons políticos, professores, filósofos, psicólogos, advogados, cientistas sociais, de humanas e de exatas, padres, deuses, pessoas mais velhas e que aconselham amorosamente, mas com a severidade que permite a autoconfiança de quem aprende; jovens livres de ideologia, que sejam ousada e perigosamente tesudos, crianças encantadoras e de olhar limpo, direto e imaginativo para as coisas, e os outros seres vivos, que nos humanizam, ensinando a amar e exigindo nossa generosidade. Contemple a beleza e busque-a, junto de saúde, educação e ampla cultura, boa disposição e orgasmo múltiplo e/ou intenso. Ame a vida. Odeie e queira o desaparecimento de preconceitos, ressentimento, preguiça, falta de tesão, tristeza, burrice, doença, dor, violência e feiúra. Afaste, não atraia a morte. Estimule a melhora dos outros, entenda suas dificuldades e ajude-os a contorná-las. Não fique muito próximo de quem poderia ser melhor, mas não quer sair do lugar. Derrotismo é contagioso. Preserve a intimidade, sem descuidar de direitos, mas sem forçar a barra ou caçar bruxas, respeitando ao máximo a capacidade de as pessoas fazerem acordos pela felicidade particular delas. Tenha interesse pelos assuntos públicos, apoiando medidas resolutivas de problemas coletivos e individuais (a demanda de um indivíduo importa!), mas sempre sensíveis para as ínfimas e infinitas experiências particulares. Intervenha na internet, cada vez mais A Mídia, porque mais livre. Faça coisas boas e alegres com seus textos, fotos, desenhos, vídeos, e se interesse pelo que os outros mostram de legal. Converse na rua, ouça e fale, com calma e leveza, mas com responsabilidade educativa. Compre umas paçocas Santa Helena, na Casa do Biscoito, e as coma, que são boas demais. Enquanto está de boca cheia, observe e escute opiniões, e comente, com tranquilidade, mas sem deixar passar batidas falas ou situações injustas e degradantes. Distinga o que é crítica justa ao governo, à mídia, a qualquer outra pessoa ou fato, do que é injusto. Melhore suas opiniões. Melhore a você mesmo. Melhore o mundo. Essas coisas andam juntas. Ou páram juntas. Aja em si mesmo e nos outros, querendo que nossa (de um Nós bem grande, aberto) vida seja a melhor possível. Ela um dia acaba.

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