quarta-feira, 18 de junho de 2014

Mal-agradecidos

A classe média acha que a classe média que protesta é mal-agradecida, pela sorte que teve. Só o protesto do pobre é moralmente válido. No protesto deste domingo, dia 15, ocorrido na Praça Saens Peña, pessoas que assistiam jogo num bar bateram boca com quem falava contra a Copa. A fala deles é de que a Copa já está aí, e que se deve apenas curtí-la. Um deles deles ironizou os manifestantes, afirmando que são os mesmos "bonzinhos dos direitos humanos". Em relação aos direitos humanos, há uma indiferença de parte da classe média. Quem protesta é o jovem universitário e o mais velho com menos dinheiro. O primeiro, quer ter o gosto de fazer algo (onde estiver a vanguarda, lá estará ele). O segundo tem demandas antigas e justificadas, aos olhos dos setores mais abastados. O que incomoda os "remediados", os que "puseram o boi na sombra", é que o jovem tem o peito que ele já não tem, e gostaria de ter, enquanto passa seus domingos crescendo a pança, no bar. E o que eles não sabem é que o protesto do jovem ocorre junto com o do pobre (a Frente Independente Popular, com pessoas de vários municípios do Rio, falando sobre as faltas do governo, estava hoje, na Tijuca), e ganha força moral, para o próprio jovem. Os do bar agradecem a Deus o que conquistaram (quem nem é lá essas coisas, e eles sabem), e ficam curtindo "no sapatinho", porque não querem a revolta do pobre pra cima deles.

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