sexta-feira, 11 de abril de 2014

Feito com amor biomecânico

Gosto de bolo de chocolate, seja ele de grife ou caseiro. Suco de laranja espremido na hora é bom, mas Sukita não é ruim, não. Sardinha com molho de tomate picante, da Gomes da Costa, e sardinha de feira, à milanesa, caem bem. Um bom livro da Companhia da Letras é lido com o mesmo prazer que um bom livro de uma editora pequena. O showzão dos Stones na praia foi legal. O dos Los Hermanos, no Garage, quando eles só tinham fita demo, foi bem legal. Teatro, quando é bom, é como boa novela. Uma mulher que sai com vários, quando bonita, não deixa nada a dever para a virgem bonita. Amor é ótimo, dinheiro também. Essas coisas não se opõem, uma não é inimiga da outra. O que importa é que a coisa seja boa. Quem critica o industrializado, o "de massa", o de grandes proporções, dizendo que não é feito com amor, que só visa o lucro, e diz sempre preferir o pequeno e o artesanal, é o mesmo que diz que só a virgem presta, e que acha vulgar a mulher que dá. São pessoas que adorariam fazer o sucesso e terem a alta cotação daquilo que criticam. De birra, dizem que é ruim. Não é esperto fazer a oposição "feito com amor x feito por dinheiro". Todos precisamos dos dois. Porque não avaliamos pela via do prazer? Será que ainda somos capazes de sentir prazer, e não é o enlatado que é sempre ruim?

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